As restrições de circulação impostas durante a quarentena escancararam uma necessidade urgente para quem trabalha com cafés especiais: ampliar os canais de venda de café e a área geográfica atendida. O fechamento físico das cafeterias impactou as vendas desses estabelecimentos e também o escoamento da produção das torrefações, que tinham as cafeterias como principais compradoras.

Os hábitos de compra migraram para o ambiente virtual, mas grande parte das cafeterias e torrefações ainda não haviam se estruturado para manter um relacionamento estreito com seu público pela via digital – leia-se mailings estruturados, base de dados com informações sobre preferências, ticket médio e frequência de compra, vendas por WhatsApp ou e-commerce já montado.

Emergencialmente, muitas cafeterias e torrefações se movimentaram no sentido de estabelecer parcerias e testar novos canais de venda de café. No processo de retorno às atividades regulares, pode ser interessante rever a estratégia de distribuição para avaliar se a inclusão de produtos nestes canais de venda de café faz sentido no “novo” modelo de negócio de cada empreendimento.

LEIA TAMBÉM: Como cafeterias e torrefações chegarão ao "novo" cliente pós-pandemia

Marketplaces (do nicho específico ou gerais) e revendas virtuais de cafés e produtos relacionados são alternativas em alta. Mas como funcionam esses canais de venda de café? A quem se destinam e quais as condições financeiras? Qual a diferença entre os dois modelos? Para trazer essas respostas aos leitores do blog, conversamos com algumas empresas que operam neste modelo atualmente.

Canais de venda de café

A MelhorCafé foi criada no final de 2018 por Virgílio Dornelas, filho de um pequeno produtor da região do Caparaó, em Minas Gerais. A plataforma de vendas opera em sistema clássico de marketplace, em que cada parceiro é responsável por sua própria loja virtual abrigada dentro do site. Do início da pandemia até julho, houve um crescimento de 700% nas vendas. “Muita gente ainda não conhecia os marketplaces de nicho. Neste período muitas torrefações nos procuraram para colocar a produção à venda”, explica Dornelas, diretor-executivo do negócio.

Desde o lançamento, a plataforma trabalha com um grupo de 48 parceiros. Agora, se prepara para um processo de expansão, em que outros 20 serão selecionados entre os cerca de 150 produtores e microtorrefações inscritos (a seleção acontece aqui). “Nosso objetivo é contribuir para o crescimento deste nicho de cafés especiais com qualidade. Por isso somos muito criteriosos na curadoria. Só aceitamos cafés de excelência e buscamos diversidade de regiões. É importante ter novos parceiros porque o índice de recorrência é alto, então precisamos ter variedade para oferecer. Damos todo suporte no cadastro dos produtos e também consultoria de marketing, vendas e posicionamento de marca.”

Neste formato, cada parceiro define quantos produtos ofertar e faz o gerenciamento da própria loja virtual – define preços e despacha diretamente os produtos para os compradores. É também o parceiro o responsável por incluir as informações e detalhamentos técnicos relativos aos cafés especiais em suas páginas.

Vantagens dos marketplaces

Dornellas lista algumas vantagens dos marketplaces. Uma delas é a visibilidade das marcas e seus produtos entre os consumidores do nicho, inclusive pelo trabalho de posicionamento que fazem junto aos mecanismos de busca como o Google. Outros benefícios são poder usufruir de uma infraestrutura tecnológica robusta que já vem com interfaces de pagamento sem a necessidade de investimento próprio e contar com menores custos de operação em função do poder de negociação do marketplace e dos contratos firmados, como, por exemplo, para envio das mercadorias por transportadoras ou Correios. “Dependendo da localidade, há opção de frete com valor até 90% menor que o habitual.”

A MelhorCafé não cobra valor de mensalidade; trabalha com comissão por venda: uma parcela fixa de R$ 4,99 por unidade vendida e uma parcela variável de 11%, que inclui custos de administração e transações financeiras. “Percebemos que havia um grande gargalo na comercialização. Os consumidores relatavam ter dificuldade em encontrar os cafés especiais e, quando achavam, tinham dificuldade no processo de pagamento e envio diretamente com produtores. Viemos para facilitar essa relação.”

Marketplaces gigantes, mas que não de nicho, como Amazon (que cobra mensalidade e comissão) e Magazine Luiza (só comissão), também já incluíram os cafés especiais em seus menus. Nestes casos, é preciso conhecer os percentuais cobrados para avaliar se equação visibilidade x custos é favorável.

Revendas online

Também há canais de venda de café que trabalham com modelo tradicional de e-commerce. “Sell in, sell out”, de acordo com Caio Fortes, sócio da Cafestore, plataforma lançada em 2010 com “a proposta de solucionar a dor do mercado e permitir que produtor e o torrefador pudessem oferecer café de maneira mais dinâmica e ágil para o consumidor final”.

A Cafestore trabalha como revendedora de produtos. Isso significa que compram dos fornecedores, estocam os produtos e despacham quando a venda é efetuada. Este processo pode desagradar alguns consumidores, já que o frescor da torra é muito valorizado neste universo. Ciente disso, Fortes afirma que compra regularmente em pequenas quantidades, para garantir o café mais fresco possível.

“Aos poucos, estamos começando a fazer alguns outros modelos de parceria para abrir o leque, como venda por consignação, comissionamento ou marketplace clássico”, explica Fortes.

São mais de 1.200 produtos cadastrados, entre cafés gourmet, especiais (com certificação) e craft (premiados, edições limitadas). São cerca de 70 mil clientes na base, que constantemente são impactados com conteúdo educativo para que se aprofundem cada vez mais neste universo e desejem conhecer novidades. O contato deve ser feito pelo e-mail comercial@cafestore.com.br.

LEIA TAMBÉM: Conheça benefícios do uso a granel do GLP na torra de café

Logística e frescor

A Troco de Café é outra plataforma de nicho que trabalha no sistema de revenda. Por questões logísticas, trabalha com foco nos produtores, cooperativas e torrefações de café de Minas Gerais e do Espírito Santo. Compra pequenos lotes por vez para garantir o frescor da torra. Assim como os demais canais de venda de café, preza pela diversidade e excelência dos produtos. Interessados em dispor seus produtos no e-commerce devem entrar em contato pelo e-mail canalcafe@trocodecafe.com.br

Laila Agresta, fundadora, explica que trabalha com grupos de dez fornecedores que vão sendo alternados a cada semestre. Cada um deles oferece de dois a três tipos de café, e vai alternando. “O consumo vem aumentando consideravelmente. Desde o início da pandemia, as vendas triplicaram. É interessante notar a fidelidade deste cliente, que faz compras recorrentes, nos escreve pedindo recomendações, conta sobre o que mais gostou e nos indica para outros amantes de café.”

A definição dos canais de distribuição de café é etapa essencial na estratégia de negócio das microtorrefações. O cuidado e a precisão durante o processo de torra também. Clique no banner para baixar o guia e conheça tecnologias que garantem mais eficiência e controle de qualidade às microtorrefações de café.