A produção de soja no Brasil subiu de 75,3 milhões de toneladas para 124,8 milhões de 2011 a 2020, conforme um relatório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Isso colocou o nosso país como líder na produção desses grãos, à frente até dos Estados Unidos (EUA).

Nesse contexto, devido à importância do segmento para a economia brasileira, vamos traçar um panorama sobre o setor e acerca do que é esperado para este ano. Inclusive, o nosso objetivo é também explicar como ocorre o plantio de soja e por qual motivo é tão forte nacionalmente.

Além disso, vamos abordar os maiores desafios dessa produção e como é possível atuar para superá-los, destacando os benefícios das plantações de soja no Brasil e de que modo é viável ajustar os processos para torná-los mais produtivos sem haver perdas de qualidade. Continue a leitura!

Como funciona a produção de soja?

A soja é pertencente à família de grãos Fabaceae, na qual estão inclusos também a ervilha, o feijão e a lentilha. Ela vem de regiões da China e do Japão e foi introduzida no Ocidente por países europeus, chegando posteriormente à América.

O alimento é muito rico em proteínas e em outros nutrientes, como o cálcio, o cobre, o magnésio e o zinco. Além disso, contém muitas vitaminas, como a niacina, a riboflavina e a Vitamina C.

Assim, é possível utilizá-lo na alimentação humana e no consumo animal e, inclusive, na fabricação de biodiesel, fármacos, alimentos à base do grão e óleo de cozinha. No entanto, para a sua produção, algumas etapas são indispensáveis, como veremos a seguir.

Preparo do solo

Essa fase é iniciada com a escolha de uma área de terra que seja capaz de suportar a lavoura (em quantidade e em qualidade). Nesse caso, o ideal é que o solo tenha muitos nutrientes e não seja seco. 

Após a definição, resíduos de plantas e da lavoura anterior devem ser removidos. Em seguida, é necessário fazer a aragem do solo, convertendo os resquícios menores de plantas em adubo orgânico.

Enriquecimento da terra

A aragem é um enriquecimento natural e dá início à etapa seguinte, mas é necessário intensificá-lo. Com esse objetivo, o produtor pode recorrer à aplicação de fertilizantes — substâncias efetivas na potencialização de nutrientes do solo.

Isso é feito enquanto a terra é mexida, misturando-os. Nesse estágio, é indicado também aplicar pesticidas que não sejam muito fortes para proteger a plantação contra pragas diversas. 

Semeadura dos grãos

Trata-se de um procedimento que deve ser feito entre os meses de dezembro e fevereiro, que é o período ideal para haver uma colheita de qualidade. A recomendação é cavar covas com 60 cm entre os canteiros. Já para cultivares precoces, o ideal é manter um espaço de 45 cm.

Nesses buracos, adicione, no máximo, três sementes de soja. Uma fileira consegue suportar até 25 plantas por metro de modo linear. Então, é necessário prestar atenção a esses detalhes, evitando que um pé da planta prejudique o crescimento de outro que esteja próximo.

Manutenção da lavoura

É uma etapa que consiste no cuidado que visa a propiciar um crescimento correto das plantas. Na prática, é imprescindível haver o monitoramento diário da lavoura no intuito de impedir o surgimento de pragas e de insetos e outros danos.

Irrigação

O ideal é plantar a soja em locais nos quais a chuva seja frequente. Contudo, somente essa rega natural não é o suficiente. A irrigação deve ser feita conforme o tamanho da lavoura.

Ou seja, se o espaço for grande, será necessário empregar um procedimento mecânico para isso, contemplando toda a plantação, com um volume hídrico igual sobre toda a área, como uma chuva pequena. Caso seja uma lavoura menor, a rega pode ser feita manualmente.

Colheita

De forma geral, os grãos devem ser colhidos quando tiverem um valor entre 15% e 16% de volume hídrico, o que representa o momento de textura ideal. Na prática, a colheita precisa ser executada com o uso de colheitadeiras para não haver perdas.

Secagem da soja

É um procedimento indispensável para manter a qualidade dos grãos enquanto são armazenados. Basicamente, trata-se de eliminar a umidade excessiva deles. Com isso, torna-se possível mantê-los estocados por mais tempo e com uma excelente qualidade.

Por que a produção de soja no Brasil é tão forte?

A soja é plantada nas cinco regiões do país, havendo mais produtividade nos estados de Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Paraná (PR) e Rio Grande do Sul (RS). A produção do grão é elevada no Brasil em razão das condições facilitadoras, como o solo e o clima nacionais.

Outro ponto interessante é que as especificidades dos terrenos também viabilizam uma mecanização completa da cultura. Inclusive, isso torna o trabalho mais automatizado, estimulando o aumento da produtividade.

Nesse mesmo contexto, a criação de tecnologias próprias, ambientalmente amigáveis, é mais um elemento que possibilita a liderança brasileira nessa produção. Além disso, o país é referência em pesquisas voltadas ao plantio de soja, além de oferecer créditos agrícolas para a promoção do setor.

Panorama para a produção de soja no Brasil

Como citado na introdução, em uma década, a produção de soja no Brasil saltou de 75,3 milhões de toneladas para 124,8 milhões. Nesse período, houve também uma expansão territorial para o plantio de soja de 24,2 milhões de hectares para 36,9 milhões.

Já em 2022, a produção do grão era de cerca de 123 milhões de toneladas só em maio, abrangendo uma área de mais de 40 milhões de hectares, de acordo com um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Assim, foram produzidos mais de 3.000 kg/ha (quilogramas por hectare) até maio do mesmo ano. A seguir, confira mais alguns dados recentes:

  • o consumo interno foi superior a 47 milhões de toneladas;
  • a exportação de grãos de soja atingiu 86,1 milhões de toneladas, rendendo U$S 38,628 bilhões;
  • a exportação do farelo de soja alcançou 17,15 milhões de toneladas, gerando um lucro de U$S 7,343 bilhões;
  • a exportação do óleo de soja atingiu 1,65 milhão de toneladas, arrecadando U$S 2,016 bilhões.

Expectativas para a produção de soja em 2023

Ainda segundo a estimativa da Conab, haverá um recorde na safra de 2022/23, com 312,4 milhões de toneladas produzidas. O período de estimativa contemplado abrange desde maio de 2022 a junho deste ano de 2023.

Como comparativo, a produção de 2021/22 foi de 41,5 milhões de toneladas de soja. Ou seja, é previsto um salto de 15,3% a mais sobre a safra anterior. Além disso, o espaço para o plantio teve crescimento, resultando em 76,6 milhões de hectares — 2,9% de expansão territorial para o cultivo dos grãos.

O consumo interno também tende a aumentar em 5%. Já a exportação pode chegar a 22,5% sobre o período anual anterior, resultando em 95,87 milhões de toneladas.

Isso acontece graças a uma oferta brasileira maior dos grãos, compatível com uma demanda internacional crescente e com a diminuição de taxas de exportação dos EUA.

Quais são os desafios da produção de soja no Brasil?

Apesar de haver números que apontam recordes, existem desafios a serem superados no país. Alguns exemplos são os aspectos econômicos, os problemas enfrentados na aquisição de insumos e o aumento de despesas, como veremos a seguir.

Economia

A oscilação cambial pode implicar desafios para os exportadores de soja, que costumam receber em dólares. Afinal, há um novo governo federal em cena. Portanto, as questões econômicas passam por ele e não há como prever de que forma o mercado financeiro e o câmbio responderão.

Além disso, neste ano, é esperada uma baixa no valor dos alimentos de modo geral. No caso da soja, isso pode ocorrer tanto pelo recorde da safra anterior quanto em razão da queda nos preços de commodities agrícolas.

Aquisição de fertilizantes

O setor de fertilizantes tem passado por algumas adversidades logísticas, o que pode ter a guerra entre Rússia e Ucrânia como um dos fatores prejudiciais. Afinal, os dois países são importantes distribuidores.

Isso ainda pode implicar a necessidade de compra de insumos de baixa qualidade. Nesse caso, haveria um possível impacto negativo sobre a produtividade da soja.

Custos de produção

Esse problema na compra de fertilizantes, por sua vez, pode elevar o seu preço, resultando na majoração das despesas agrícolas. Além disso, os equipamentos têm sofrido também um aumento de valor.

Como se ajustar aos processos?

Para superar as adversidades, é necessário empregar soluções inovadoras, capazes de manter a produtividade em alta e a boa qualidade do produto. A seguir, confira alguns recursos para isso!

Agricultura de precisão

Esse método consiste na aplicação da tecnologia para analisar o solo, prever o surgimento de pragas, fazer a colheita, mensurar a produtividade, entre outras ações, como:

  • examinar o solo de forma minuciosa, obtendo as informações necessárias para aplicar o tratamento ideal em cada área do terreno;
  • empregar fertilizantes e defensivos específicos de acordo com as particularidades da terra;
  • executar um monitoramento contínuo de pragas, insetos e doenças da soja.

Dessa maneira, o agricultor consegue implementar os insumos ideais para cada parte da plantação, conforme a necessidade da lavoura. Isso gera a diminuição dos custos, a redução de danos ambientais e o crescimento da produtividade. Alguns dos recursos muito utilizados são:

  • sistemas de GPS;
  • pilotos automáticos;
  • automatização de dosagem;
  • automatização da pulverização bico a bico.

Secagem de sementes a gás

O sistema movido a GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é muito mais econômico e efetivo para esse processo. Ele une a tecnologia do sensoriamento de dados, como temperatura, tempo e umidade relativa do ar, aos benefícios desse gás.

Desse modo, as informações são enviadas instantaneamente para uma plataforma que o responsável pode verificar por qualquer dispositivo conectado à Internet, otimizando a mão de obra. O GLP ainda proporciona outros benefícios, como:

  • uma elevada eficiência energética;
  • uma significativa durabilidade do combustível;
  • a consequente economia no seu consumo;
  • um controle preciso de temperatura.

Como vimos, a produção de soja no Brasil pode passar por alguns desafios. No entanto, também tende a apresentar recordes ainda neste ano de 2023. Portanto, o emprego de tecnologias eficientes e de métodos voltados ao cuidado com o cultivo é indispensável para manter o crescimento.