A pandemia da Covid-19 teve um grande impacto no segmento de cervejarias artesanais. Por outro lado, incentivou a busca por novas formas de vender cerveja, por melhorias logísticas e pela adoção de tecnologias para garantir mais eficiência para as empresas do segmento.

Os impactos com a chegada da pandemia, as alternativas encontradas pelas empresas para vender cerveja e as perspectivas para o setor foram abordados no webinar “Cervejarias artesanais: desafios logísticos e canais de venda pós-Covid”, promovido pela Ultragaz no dia 15 de julho. O debate contou com a participação de Amanda Bazzo Areco, diretora da Cervejaria Burgman, Carlo Bressiani, diretor-geral da Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM), e Lucas Mello, gerente de projetos da Single Automação e CEO da Easy Chopp.

Confira abaixo o webinar na íntegra.

Historicamente, a maior parte da receita das cervejarias era proveniente das vendas em bares e restaurantes e também de eventos. Com a chegada da Covid e a inviabilização desses canais, foi necessário buscar alternativas para vender cerveja.

A diretora da Cervejaria Burgman contou que a venda de chope em bares representava de 70 a 80% do total comercializado pela empresa. “Estávamos com os tanques cheios. Costumávamos fazer até quatro fabricos por dia e ficamos meses sem produzir”, relatou. A cervejaria foi criada há dez anos em Sorocaba (SP) e estava em ritmo de crescimento.

A empresa buscou ampliar a venda de cerveja em garrafa. Esta versão, antes disponível apenas em alguns empórios e pequenos mercados, passou a ser oferecida também em redes varejistas.

Delivery e novas embalagens

Pouco antes do início da quarentena, a Burgman havia começado a vender cerveja pelo iFood. Essa opção foi ampliada com a chegada da Covid e a marca também chegou ao aplicativo de delivery Goomer Go. A Burgman passou ainda a vender cerveja em sistema de drive thru, em que os clientes podem retirar no estacionamento da fábrica, sem sair do carro.

Para atender esses novos mercados, foi necessário adaptar embalagens para que os clientes pudessem adquirir o chope fresco. A empresa passou a oferecer o produto em pet growlers (garrafas descartáveis) e também em crowlers, latas de um litro adequadas para o transporte.

Carlo Bressiani afirmou que houve uma paralisia no setor em um primeiro momento, já que poucas cervejarias ofereciam o produto em lata ou engarrafado nos mercados. Segundo ele, não é simples iniciar essa relação comercial com o varejo e é louvável ver que a Burgman conseguiu ampliar rapidamente seus canais de venda.

“A maior preocupação no primeiro momento era como manter o produto armazenado por mais tempo com qualidade. Muitas cervejarias fizeram eventos solidários, de troca de cerveja por alimentos, para que o produto não envelhecesse nos tanques. Em um segundo momento, buscaram reduzir custos, frear a operação e esperar passar o tempo”, relatou.

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Consumo domiciliar

Bressiani destacou que a entrada de novas marcas no varejo ampliou a competição entre as cervejarias. Com isso, ficou claro que era necessário criar conveniência pra consumir em casa.

“Acredito que os pet growlers, por exemplo, vieram para ficar. Parte do mercado tinha resistência, mas acredito que pós-Covid isso não vá mais acontecer. Respeitadas algumas condições, como tempo de armazenamento, cadeia refrigerada etc., é possível entregar um produto com muita qualidade e a um custo acessível para o cliente final. Além disso, hoje é muito difícil a cervejaria vender um barril de 30 litros se não pode haver aglomeração.”

O diretor-geral da ESCM acredita que, mesmo após o período mais crítico da Covid, deve haver uma redução de renda da população mundial, o que continuará afetando o mercado. Para ele, o desafio será vender cerveja a preços mais acessíveis. “O que pode compensar é que nos últimos meses houve também uma redução do consumo de supérfluos. Com isso, há uma tendência de as pessoas consumirem menos e buscarem produtos de mais qualidade.”

Bressiani afirmou que a maioria das cervejarias continuará sofrendo um impacto forte. Porém, ele acredita que muitas empresas foram reduzindo ineficiências e podem alcançar resultados próximos aos que registravam anteriormente mesmo com vendas menores.

Tecnologias e inovações

As inovações e tecnologias têm potencial para contribuir com a melhoria de eficiência das cervejarias em diversos aspectos. Do ponto de vista do processo produtivo, a automação é uma alternativa que possibilita ganhar tempo na produção, reduzir consumo de insumos e energéticos e também garantir a padronização da cerveja.

Há pouco mais de um ano, a Ultragaz lançou a solução Ultragaz Cervejarias, desenvolvida em parceria com a Single. Lucas Mello afirma que a solução tem atraído muito interesse neste momento. “A solução consegue adaptar a automação à estrutura do cliente e realiza o controle de temperaturas, com rampas inteligentes. Agora, durante a pandemia, muitas empresas estão aproveitando a redução de produção para instalar a automação.”

Este foi o caso da Burgman, que instalou a solução em julho. Amanda afirmou que a intenção de ter a automação era antiga, mas a cervejaria não conseguia parar a produção para fazer a instalação e os ajustes necessários. “Agora, aproveitamos esse tempo pra fazer a instalação e já notamos que vai ser um grande ganho para a cervejaria em termos de padrão, qualidade e tempo.”

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Autoatendimento

Ainda na seara das inovações, Lucas Mello falou também do trabalho desenvolvido pela Easy Chopp, startup criada pela Single há três anos e que oferece soluções de autoatendimento para pontos de vendas. A empresa já possui mais de 700 torneiras de chope com automação – em que o cliente pode se servir da bebida utilizando um cartão – instaladas em pontos como cervejarias, bares e tap houses de nove estados brasileiros.

Agora, durante a pandemia, começou a testar uma nova solução adequada para condomínios e lojas de conveniência. Batizada de Easy Station, ela possibilita ao cliente retirar um growler com chope para consumir em casa.

“Desenvolvemos um produto que garante controle de pressão e de temperatura e oferecemos também assistência. A solução tem tido muito aderência e está se firmando como uma tendência neste momento”, afirmou.

A Ultragaz tem realizado edições de webinar e também lives para debater impactos da pandemia nos principais segmentos que atende. Acompanhe as novidades nos canais da empresa nas mídias sociais.